Friday, June 16, 2006

Paradigma Famíliar Brasileiro!

Apontamentos de alguns paradigmas familiares brasileiros.

Uma leitura do modelo familiar brasileiro a partir do Grande Família – 2006.

O que é família? Se o leitor me fizesse esta pergunta, responderia: “depende de onde você estiver”. Sim, depende de qual referencial é tomado para se construir o modelo. Se formos à Bíblia, o modelo família imitaria o modelo de igualdade e amor, que visaria o desenvolvimento de dons e aptidões de todos os membros da família. Todavia, existem outros modelos, que são mais comuns e que desenvolvem paradigmas diferentes, que comumente percorrem caminhos e direções diferentes e assustadoras.

O Sitcom, A Grande Família, produzido pela Rede Globo, parece ser um bom exemplo de representação artística do paradigma brasileiro de família.

Quando assisto este tipo de produção artística, especialmente os que tratam do assunto Família, ocorre-me uma dualidade sociológica entre o expositivo e o formativo. Expositivo, no aspecto de se retratar a realidade como ela é. Formativo, no sentido de gerar arquétipos sócio-antropológicos para aqueles que assistem e carecem de modelos melhores, porque a realidade pode ser muito pior que a ficção. Podemos afirmar que ambas abordagens são corretas, tendo em vista o fato da disseminação de conceitos existentes e da mudança de modelos sociais.

Pode-se identificar na família ali retratada, que todos os indivíduos circulam existencialmente em tornos de um núcleo patriarcal, Lineu. Esta centralização associa-se diretamente com o elemento financeiro, tendo em vista o fato desta personagem ser a fonte principal de proventos da família toda. Essa personagem teria sobre si atributos de liderança formal, todavia, não apresenta a devida aptidão para desenvolvê-las, pois de alguma forma é incapaz de impor idéias através do convencimento. Suas ferramentas de coerção estão associadas a uso da força financeira, gritos e pequenas discussões que não resolvem problemas. Tal modelo patriarcal é ineficiente, pois não resolve os problemas de forma preventiva, mas sim a posteriores, de crise em crise.

A personagem Lineu não convence, não ensina, na pastoreia a família. Sua incapacidade de diálogo e de ensino gera situações, como em “Tuco mãos de Tesoura” exibido em 15/06/2006. Vejamos, ele não sabia que o filho fazia, por 2 anos, um curso de cabeleireiro. Quando descobre, é taxativo em afirmar a incapacidade do filho em ficar empregado. Depois, constrói uma situação, terrível ao meu ver, no emprego do rapaz. Depois, possuído por um espírito de remorso pede ao filho que lhe corte o cabelo. Esta ultima atitude é bonita, mas representa o aspecto auto-punitivo das relação inadequadas.

Partindo do pré-suposto que um erro não conserta outro erro, Lineu puniu-se por seus erros e não ensinou efetivamente nada à sua família. E em seu cabelo mau cortado está exposto a face do pai de família modelo Lineu.

No modelo apresentado pelo citado Sitcom, podemos identificar um modelo matriarcal que mistura as funções desta em relação aos membros da família. Ora mãe, ora esposa, sem uma definição fixa de prioridade e regida pela circunstancia imediata.

Observemos que a mãe, na grande família, representa uma corda de salvação ás aflições diárias dos demais. Ela se mostra disposta a sacrificar-se por seus filhos, mesmo em detrimento do marido. Todavia, ao mesmo tempo, não é capaz de ensinar, de forma eficaz, seus filhos, sendo que sua filha segue um modelo aparentemente contrário ao da mãe.

A relação desta mulher é dúbia para com seu marido, pois dá preferência aos filhos em relação a este. Além de ocultar os erros feitos por aqueles, mostra-se complacente quando o marido não está presente, mas muda automaticamente de postura mediante a presença do marido.

Sua postura também demonstra uma baixa auto-estima, que é indicada pela busca de aceitação dos filhos e do marido, alternadamente. Se observarmos que quando há problemas ela volta-se para si mesma em uma atitude de auto-culpa, que pode ser caracterizada por frases: “o que foi que fiz” “ por que isto está acontecendo comigo??” , Poderíamos afirmar que o referencial dela é sua auto-satisfação feminina, para isto, tem que vagar entre os extremos marido/filhos, sem contudo construir para uma existência objetiva, dependendo dos que lhe cercam para afirmar-se enquanto ser.

Este modelo de Mãe de família é destrutivo, pois não gera a segurança necessária para o desenvolvimento dos indivíduos enquanto membros da família, filhos e marido. Observe que esta mão/mulher não constrói sua casa, apenas tenta manter as estruturas existentes, assim como luta para manter a sua importância, e por que não dizer, sua necessidade existencial. Por isto, ela é incapaz de trabalhar fora e gerar renda, fato que colocaria sua relação conjugal em risco.

Assim, o que é apresenta é uma família com filhos problemáticos, dependentes e, porque não, perdidos na vida. Em decorrência de pais omissos e desprovidos de referenciais coerentes.

O aspecto oposto a esta realidade é a família onde o Pai lidere sua esposa e seus filhos de forma construtiva, com alvos claros e corretos que leve ao desenvolvimento pleno da humanidade intrínseca de cada indivíduo. Da mesma forma, a mulher dever exercer sua liderança de forma a influenciar o conjugue e seus filhos de forma positiva. Observemos que a liderança da família se desenvolve em conjunto, com objetivo e direção comuns. Isto exclui a visão egoísta de autopromoção em detrimento dos demais membros da família.

Gostaria de ligar a televisão e assistir um Sitcom onde a família fosse ideal. Que vencesse desafios juntos, onde o pai fosse um grande ensinador e a mãe pudesse ser um exemplo a ser seguido, mas acho que vai demorar um pouco para isto acontecer.

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